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quarta-feira, 30 de novembro de 2011

Aldous Huxley vs George Orwell



resume
"Amusing Ourselves to Death", de Neil Postman


PS.: Não falei que o Blogger é um lixo? Alguém me diz como colocar uma imagem grande, redimensionada, mas que abra no seu tamanho original ao ser clicada, pq eu não achei. Bom, vamos ver se na mão vai...

Corruptos vs Corruptores (para Principiantes)

#QQED? - Quer Que Eu Desenhe?

Observem que o G.A.F.E. (Globo, Abril, Folha e Estadão) só adentram na área hachurada, se somente se, a denúncia estiver alinhada aos seus interesses futuros.

Afinal, melhor não mexer com quem paga aqueles que nos pagam, não é mesmo?

terça-feira, 29 de novembro de 2011

Paul Singer :: 'Banco Público impede submissão da Política ao Poder Econômico'



O Paul Singer "desenha" todo o funcionamento atual do capitalismo, e por consequência, a origem de suas crises (só esqueceu de um detalhe que coloquei em vermelho).

Carta Maior - Economia - 'Banco público impede submissão da política ao poder econômico'

Economia| 28/11/2011 | Copyleft

'Banco público impede submissão da política ao poder econômico'

Os países que preservaram instituições estatais conseguiram resistir às pressões neoliberais e priorizar desenvolvimento, geração de emprego e combate à pobreza. A maior parte está na Ásia e América Latina e é menos afetada pelas desregulamentação financeira. Nestes países, entre eles o Brasil, o Poder Político não está submetido ao Poder Econômico. No Primeiro Mundo, os sacrifícios impostos à classe trabalhadora suscitam o surgimento de uma nova esquerda.

Paul Singer

A decisão do [então] primeiro ministro da Grécia de submeter o próximo pacote de “ajuda” da Europa ao seu país a uma consulta popular desencadeou uma queda espetacular das cotações nas bolsas de valores no mundo inteiro, colocando em foco a profunda contradição entre o Poder Político e o Poder Econômico nos países capitalistas democráticos, que hoje são a grande maioria das nações. Uma decisão que deveria ser normal em qualquer democracia – a de consultar o povo, do qual o governo, isto é, o Poder Político, é o representante – acaba de provocar pânico entre os donos do capital financeiro, que hoje detém a hegemonia do poder.

A mesma contradição é a fonte da motivação essencial do movimento hoje mundial dos Indignados, que desde 15 de outubro promove a ocupação das praças centrais dos distritos financeiros de 951 cidades em 82 países. O que os Indignados demandam, acima de tudo, é que a democracia formal, vigente nestes países, se torne real, ou seja, que o Poder Político eleito pelo povo de fato o represente, em vez de executar políticas que beneficiam exclusivamente a classe que exerce o Poder. O que evidencia a contradição de interesses entre a maioria do povo – os 99% que os ocupantes de Wall Street almejam representar – e o 1% que constitui a elite do Poder.

A contradição entre Poder Político e Poder Econômico se explica pela origem de um e outro Poder. Em democracias, o Poder Político é exercido pelos eleitos pela maioria dos cidadãos, que é necessariamente constituída por trabalhadores não proprietários de meios de produção social, boa parte dos quais ganha a vida como assalariados de empresas capitalistas; ao passo que, no capitalismo, o Poder é exercido pelos capitalistas, mas não por todos por igual.

Os empresários da economia real, isto é, cujas empresas produzem bens e serviços que atendem necessidades humanas, dependem de crédito tanto para financiar vendas a prazo quanto para investir em matérias primas, maquinário, instalações etc., na medida em que a demanda por sua produção se expande; o crédito é concedido por bancos, fundos de investimento e outros intermediários financeiros. A renda não gasta pelas famílias, empresas e governos é depositada nestes intermediários, que a redistribuem na forma de empréstimos aos governos, empresas e famílias cujos gastos superam sua renda.

Os bancos, fundos etc., que são empresas capitalistas, visam maximizar seus próprios lucros, emprestando a juros maiores do que pagam aos depositantes e aplicando parte dos depósitos que lhes são confiados em títulos de propriedade de firmas (ações) ou de débito emitidos por governos e empresas. Commodities, ações de novas empresas e cotas de fundos de investimento são transacionados em leilões diários nas bolsas de valores e suas cotações flutuam ao sabor das oscilações de oferta e demanda pelos mesmos.

A maior parte dos participantes nestes leilões são especuladores, que procuram adivinhar em que ativos irão se concentrar as preferências da maioria para adquiri-los antes que se valorizem e quais ativos serão vendidos, para vendê-los antes que se desvalorizem. Obviamente, uma parte dos especuladores faz antecipações erradas e, por isso, perde dinheiro para os seus felizes competidores, cujas apostas anteciparam o futuro corretamente.

Trata-se de um jogo de apostas, mas que afeta o andamento da economia real. Se o otimismo prevalecer nas bolsas de valores, os especuladores comprarão ações e títulos de crédito, cujas cotações subirão, o que permitirá aos empresários obter mais facilmente dinheiro para expandir suas atividades; o crescimento da produção da economia real confirmará as expectativas otimistas dos detentores do dinheiro depositado neles pelos poupadores, levando-os a reiterar as compras de títulos e assim por diante. O resultado será a formação de uma típica bolha de valorização de ativos, cujo efeito será acelerar a expansão das atividades econômicas, até que elas esbarrem em pontos de estrangulamento, que impedirão a continuação do crescimento.

Os pontos de estrangulamento são constituídos por recursos indispensáveis à produção e à distribuição, que exigem tempo para serem multiplicados, como, por exemplo, a produção e distribuição de energia elétrica, os meios de comunicação e de transporte, a mão de obra com escolaridade acima da fundamental etc.. Os pontos de estrangulamento elevam o custo de produção e distribuição de bens e serviços, suscitando círculos viciosos de elevação de preços e salários, que resultam em inflação cada vez maior, contra a qual o Poder Político é forçado a agir, reduzindo a disponibilidade de crédito e o gasto público.

O mero anúncio destas medidas de “austeridade” basta para que as expectativas dos especuladores financeiros se invertam, passando de otimistas a pessimistas, pois eles sabem que elas reduzirão a demanda por títulos nas bolsas, fazendo com que suas cotações desabem (além disso é possível montar operações em que se lucra também na queda dos ativos,  o que acelera e agrava a queda nos mercados).

O Futuro da Ciência

#QQED? - Quer que eu Desenhe?
Aonde a gente vai parar? Se o ritmo dos avanços tecnológico e científico não diminuir, eu tenho até medo.

via Digg

segunda-feira, 28 de novembro de 2011

Depois da curva do rio



Um castelo de cartas. Uma fileira de dominós caindo um sobre o outro. Sem fim aparente. E você torce pra acabar. Doce ilusão.
Chame de deus. Chame de diabo. Chame de "puppet master". Chame de "Lei dos Grandes Números". Chame de "Caos Determinístico". Chame de Destino.
Você finalmente desiste de controlar. Alívio, enfim. Não se debater é sempre a melhor estratégia.
Como quando você começa a se afogar. Não lute, não sofra. Aproveite o momento. Mas não desista. Nunca ("Cara evolução..."). Espere o melhor momento pra tentar sair do turbilhão. Talvez tenha sorte.
Afinal a vida é uma torrente. Quando crianças eles pegam e nos jogam em um rio de águas aparentemente calmas. Você até começa a gostar da ideia.
Mais um exercício de autoengano.
Eis que depois da curva do rio encontrarmos uma cachoeira. Gigantesca. É sempre assim. Não dizem que após a calmaria vem a tormenta? Ou seria o contrário? Não pra mim.
E, num último relance - daqueles que você grava na memória - ao olhar pra trás, você vê um velho vestido de coringa com um violão parecido com o do Bob Dylan nas costas. Ele estampa um sorriso dissimulado de meia-boca, e murmura:
"- Eu não te avisei?"
Você não ouve, mas compreende perfeitamente.
Verdade, bem que você avisou. Até hoje, a sua voz grave ecoa na minha cabeça: "Não brinque comigo."


Notas Administrativas #01

-


Pode até parecer que a atividade aqui está devagar quase parando (não é o que dizem os rascunhos), mas é proposital, pois pretendo tirar desse lixo de Blogger (e está certo quem disse que blog dá trabalho), e quanto menos tiver que exportar melhor.

Daqui a pouco voltamos em definitivo.

Depeche Mode - Policy of Truth



Depeche Mode

-
 Policy of Truth


You had something to hide
Should have hidden it, shouldn't you
Now you're not satisfied
With what you're being put through

It's just time to pay the price
For not listening to advice
And deciding in your youth
On the policy of truth

Things could be so different now
It used to be so civilised
You will always wonder how
It could have been if you'd only lied

It's too late to change events
It's time to face the consequence
For delivering the proof
In the policy of truth

Never again
Is what you swore
The time before
Never again
Is what you swore
The time before

Now you're standing there tongue tied
You'd better learn your lesson well
Hide what you have to hide
And tell what you have to tell
You'll see your problems multiplied
If you continually decide
To faithfully pursue
The policy of truth

Never again
Is what you swore
The time before

sexta-feira, 11 de novembro de 2011

A mente tranquila




Os meios para alcançar a vida feliz.
 
Marcial, as coisas pra se alcançar
A vida feliz, são essas, eu acho:
As riquezas se vão, não deixam dor;
A terra fértil, a mente tranquila:

O amigo igual, sem rancor, sem discórdia;
Nenhuma acusação de governar, nem de dominar;
Sem doença, a vida saudável;
A continuidade da família:

Dieta no dizer, sem delicadeza no fazer.
A verdadeira sabedoria aliada à simplicidade;
A noite livre de todos os cuidados,
Onde o vinho a inteligência não pode oprimir:

A esposa fiel, sem discussão;
Tal sono que pode seduzir a noite.
Satisfeito com vossas propriedades;
Nem desejo da Morte, nem medo do seu poder.

PS.: Tradução totalmente nas coxas. Se alguém quiser corrigir, sinta-se a vontade.
PPS.: Obviamente eu vi essa passagem na série The Tudors.

quinta-feira, 10 de novembro de 2011

Metallica - Sad but True

-
"I'm your truth, telling lies...I'm inside, open your eyes. I'm you."

Metallica
Sad but True

Hey (hey)
I'm your life
I'm the one who takes you there
Hey (hey)
I'm your life
I'm the one who cares
They (they)
They betray
I'm your only true friend now
They (they)
They'll betray
I'm forever there

I'm your dream, make you real
I'm your eyes, when you must steal
I'm your pain, when you can't feel
Sad but true

I'm your dream, mind astray
I'm your eyes, while you're away
I'm your pain, while you repay
You know it's sad but true

Sad but true

You (you)
You're my mask
You're my cover, my shelter
You (you)
You're my mask
You're the one who's blamed
Do (do)
Do my work
Do my dirty work, scapegoat
Do (do)
Do my deeds
For you're the one who's shamed

I'm your dream, make you real
I'm your eyes, when you must steal
I'm your pain, when you can't feel
Sad but true

I'm your dream, mind astray
I'm your eyes, while you're away
I'm your pain, while you repay
You know it's sad but true

Sad but true

(2x)
I'm your dream
I'm your eyes
I'm your pain

You know it's sad but true

Hate (hate)
I'm your hate
I'm your hate when you want love
Pay (pay)
Pay the price
Pay, for nothing's fair

Hey (hey)
I'm your life
I'm the one who took you there
Hey (hey)
I'm your life
And I no longer care

I'm your dream, make you real
I'm your eyes, when you must steal
I'm your pain, when you can't feel
Sad but true

I'm your truth, telling lies
I'm your reasoned alibis
I'm inside, open your eyes
I'm you

Sad but true

quarta-feira, 9 de novembro de 2011

Um vício antigo


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"Keep Walking, bitch!"

É sempre assim. Depois da calmaria, normalmente vem com a velocidade de uma avalanche e com a força de um tsunami. Subitamente te domina. Não é desejo. Não é necessidade. É um vício antigo.

Personificado na figura de uma ninfa sedutora, que lentamente chega no seu ouvido e sussurra:

"- Fear not. Come out and play".

Você treme. Já passou por isso antes. Um Johnny Walker Black. Uma Cuervo Gold. Uma Heineken. Uma dose. É só o que basta.

Tudo conspira. Nas músicas. Nos filmes. Na TV.  Está em livros. Está em blogs. Celebridades se perdem nos tentáculos de uma industria bilionária. Mas a culpa é do "individuo".

Qualquer problema é desculpa. Qualquer percalço é motivo. Um encontro inesperado com um velho conhecido na rua. Um email. Uma mensagem. Um telefonema despropositado.

Não dessa vez. Não de novo. Você se lembra de uma promessa antiga. Uma premonição bem antes de se tornar adulto. Apesar dos anos, a voz ainda ressoa na sua cabeça: "Nada, nem ninguém te controlará. Lembre-se disso."

Mas você tem consciência. O ser humano é imutável. Nunca mudamos realmente. Só trocamos o disfarce. O que chamamos de mudar é apenas a tentativa patética de ocultar dos demais aquilo que realmente somos. 

Auto-aceitação. A chave de todo programa de recuperação de qualquer vício. Crucial com os mais antigos.

A ninfa reaparece, talvez pelos trajes, talvez pelo crepúsculo, está mais sedutora ainda: 

"- É noite. É chegada a hora. Você vai vir?"

Não dessa vez. Não nunca mais. Existe uma multidão lá fora te esperando. Não eu. "Keep Walking, bitch"

Guardem esse momento: eu citando a bíblia: "Disciplina é Liberdade".

E a liberdade está acima de todas as outras coisas. Sempre.

Fleetwood Mac - Landslide

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Putz, como adoro a voz da Stevie Nicks

Fleetwood Mac - Landslide

I took my love and I took it down
I climbed a mountain and I turned around
And I saw my reflection in the snow-covered hills
Well, the landslide brought me down


Oh, mirror in the sky, what is love?
Can the child within my heart rise above?
Can I sail through the changin' ocean tides?
Can I handle the seasons of my life?


Oh, oh...oh, oh
Oh, oh...oh, oh...oh...


Well, I've been afraid of changin'
'Cause I've built my life around you
But time makes you bolder
Children get older
And I'm getting older too
Well...


Well, I've been afraid of changin'
'Cause I've built my life around you
But time makes you bolder
Children get older
And I'm getting older too
Well, I'm getting older too


So, take this love and take it down
Yeah, and if you climb a mountain and you turn around
And if you see my reflection in the snow-covered hills
Well, the landslide brought me down


And if you see my reflection in the snow-covered hills
Well, maybe...
Well, maybe...
Well, maybe...
The landslide will bring you down

Google é a nova Microsoft

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Eu sou um admirador e entusiasta do Android. Mas a despeito disso, com as mudanças no Google, principalmente no Reader e levando-se em conta a experiência que estou tendo em poucos dias de volta ao Blogger, posso afirmar sem medo de errar:

O Google é a nova Microsoft. E isso não é um elogio.

quarta-feira, 26 de outubro de 2011

O protecionismo não vós salvará

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Quer que eu Desenhe? :: Balança Comercial
A defesa da indústria parece ter se tornado tema central da política econômica. Também não era pra menos, os dados que surgem são aterrorizantes. O déficit cresce, mas longe de ser aquele problema trágico dos anos 90. Só não sei dizer o que será amanhã.


O que realmente incomoda é que por trás de tanta fumaça, o público não perceba a hipocrisia das medidas de gabinete. Esse namoro anacrônico com o protecionismo não parece ser a solução salvadora para a nossa balança comercial. E o governo sabe disso.

Estamos evanescendo. Lentamente, matando setores importantes da economia em nome do consumo interno e viagens ao exterior. Quando o câmbio se aproximou do mínimo necessário para evitar a desindustrialização, o Banco Central correu pra debaixo da cama, aterrorizado como uma criança.
Quer que eu Desenhe? :: Balança Comercial por Intensidade Tecnológica 

A última Carta do IEDI é avassaladora. Desnuda esse debate. Estamos sangrando nos setores de alta tecnologia. Os poucos setores que restaram.

Balança Comercial :: Alta Intensidade Tecnologica
Não me levem a mal. Eu acho que o PPB para a produção de tablets é modelo a ser seguido, melhorado. Pode não nos transformar em potência, não vai fazer com que consigamos produzir bilhões em produtos eletrônicos para exportar para o resto do mundo. Mas segue uma linha: atrair e desenvolver.

Balança Comercial :: Media-Alta Intensidade Tecnologica

A industria automobilistica, beneficiária da polêmica alta no IPI, sequer aceitou condicionantes, como investimento em carros elétricos e manutenção de empregos. Vale a pena todo o desgaste?

Balança Comercial :: Média-baixa Intensidade Tecnologica
Mas como então conseguimos sobrevir a tantas crises, a tantos choques. Como financiamos nosso déficit ou por que ele não é maior? Obviamente, são dois aspectos, o i) é que o setor primário (baixa intensidade tecnologica) vai sustentando (cada vez mais) as exportações e ii) os indicadores macroeconômicos brasileiros são tão bons, que estamos aptos a financiar um déficit ainda maior.

Balança Comercial :: Baixa intensidade Tecnologica
Ressalto que existem controversias a respeito do uso da tecnologica na agricultura e pecuária. Mas por mais tecnologia que exista no nosso setor primário, estamos longe de podermos confiar nosso futuro, e a diversificação da nossa economia nele. Aliás, é disso que se trata, já somos bons nisso. Temos nossas vantagens comparativas, o que precisamos é avançar em outros setores.


Mas se o protecionismo não é a solução, como afinal defender a nossa indústria? Como enfrentar a determinação silenciosa e incansável dos asiáticos? Como elevar a economia brasileira a um patamar mais "elevado" do ponto de vista tecnológico?

Como esse post ficou grande demais para um blog, em breve, apresento a solução. Que não é segredo pra ninguém que estuda inovação e tecnologia. Mas as quais as políticas públicas brasileiras parecem impermeáveis.


Da Ciência e Tecnologia

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Constituicao Federal - Compilado
CAPÍTULO IV
DA CIÊNCIA E TECNOLOGIA


Art. 218. O Estado promoverá e incentivará o desenvolvimento científico, a pesquisa e a capacitação tecnológicas.


§ 1º - A pesquisa científica básica receberá tratamento prioritário do Estado, tendo em vista o bem público e o progresso das ciências.


§ 2º - A pesquisa tecnológica voltar-se-á preponderantemente para a solução dos problemas brasileiros e para o desenvolvimento do sistema produtivo nacional e regional.


§ 3º - O Estado apoiará a formação de recursos humanos nas áreas de ciência, pesquisa e tecnologia, e concederá aos que delas se ocupem meios e condições especiais de trabalho.


§ 4º - A lei apoiará e estimulará as empresas que invistam em pesquisa, criação de tecnologia adequada ao País, formação e aperfeiçoamento de seus recursos humanos e que pratiquem sistemas de remuneração que assegurem ao empregado, desvinculada do salário, participação nos ganhos econômicos resultantes da produtividade de seu trabalho.


§ 5º - É facultado aos Estados e ao Distrito Federal vincular parcela de sua receita orçamentária a entidades públicas de fomento ao ensino e à pesquisa científica e tecnológica.


Art. 219. O mercado interno integra o patrimônio nacional e será incentivado de modo a viabilizar o desenvolvimento cultural e sócio-econômico, o bem-estar da população e a autonomia tecnológica do País, nos termos de lei federal.
Uma Constituição tão, digamos, verborrágica, e só dois artigos a respeito da ciência e tecnologia.

Só eu que acho isso trágico?

quinta-feira, 20 de outubro de 2011

IPI - como queriamos demonstrar

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"Pronto, podem gastar seu dinheirinho"

Não precisava ser gênio pra perceber - como disse quando ainda tinha conta no twitter - que o governo havia errado na forma (aumentar o IPI era inconstitucional) e no contéudo (namorar com o protecionismo arcaico não elevará a competitividade das indústrias brasileiras).

Como acredito que nesse governo não tem estúpido, fiquei com a opção de decisão política pra fazer graça pra sindicalista. Mas da próxima vez, como dizem, "do the math" antes de dar uma vitória na bandeja pro DEM.

Que tal agora fazer o BNDES incluir condicionantes de inovação (em produtos e processos, tecnológicas enfim) pros seus futuros empréstimos? Impossível. Improvável.

Entendo.


Supremo suspende aumento do IPI de carros importados - Indústria - iG
Supremo suspende aumento do IPI de carros importados

Ministros consideraram que governo desrespeitou prazo de 90 dias para o aumento entrar em vigor. Importadores se dizem "aliviados"

iG São Paulo | 20/10/2011 16:54 - Atualizada às 18:17

Supremo suspende aumento do IPI de carros importados Ministros consideraram que governo desrespeitou prazo de 90 dias para o aumento entrar em vigor. Importadores se dizem "aliviados"


O Supremo Tribunal Federal (STF) suspendeu até dezembro o aumento de IPI de carros importados. A medida foi determinada por decreto do governo, em 15 de setembro. Ela foi derrubada por unanimidade pelos ministros da Corte.

quarta-feira, 19 de outubro de 2011

Johnny Cash - Hurt

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Hurt*
Johnny Cash

* - Cover do Nine Inch Nails

A Era da Distração

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Como Focar na Era da Distração

Eu não tenho Twitter (mas esse blog tem @muitopcontrario). Eu não tenho Facebook. Eu não tenho Orkut. Eu não tenho MSN.

Eu mantenho (por enquanto) esse blog. Um mural, um papel sujo, um caderno de rascunhos perdido na interwebs.

Recomendo a todos um suicídio virtual em prol das futuras gerações.

Vão fazer algo útil. Qualquer coisa.

segunda-feira, 17 de outubro de 2011

Contra TODA corrupção

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Como eu disse recentemente, o melhor que a esquerda - ou melhor, aqueles que não suportam a hipocrisia da mídia brasileira - poderiam fazer é participar ativamente das manifestações anti-corrupção (de maneira apartidária, óbvio) e tentar denunciar não só contra os atos do Governo Federal, mas principalmente daqueles que a mídia se nega a investigar e denunciar (eg.: Governo de SP)

Mostrar essa hipocrisia e seletividade é a melhor forma de colaborar com o combate a corrupção.

Mais ou menos o que tentaram fazer o Jean e seu colega ai. Se levantarem 100 placas dessas fica difícil pro pessoal da G.A.F.E. (Globo, Abril, Folha e Estadão) cobrir o evento.

Bem, pelo menos sem usar o Photoshop ou o BlurFX.

sexta-feira, 14 de outubro de 2011

Occupy Wall Street

Bulls on Parade


Não tenho muito o que dizer sobre o "Occupy Wall Street", tenho acompanhado pouco. Não sei o que pretendem (talvez nem eles, ainda) mas nunca ignoro o poder do povo nas ruas.

Aliás isso é mais um motivo pra esquerda brasileira parar de ignorar ou satirizar o movimento contra corrupção (sic). O que poderiam (e deveriam) é participar ativamente pra direcionar o movimento para o rumo correto.

E copiando um outro site:  "Esse blog apoia completamente pessoas que fazem cartazes e plaquinhas e as levantam nas ruas". Poder para o povo, sempre.

Mas essa lista abaixo, parece ser realmente focada e poderosa o bastante pra alterar significantemente o "sistema". Seria um começo, e é mais factível que pedir o fim dos Bancos Centrais ou o tabelamento de juros imobiliários.

Via "Vila Vudu"
Meu conselho ao pessoal de Occupy Wall Street:

12/10/2011, Matt Taibbi, revista Rolling Stones (ed. 27/10/2011)

Já estive duas vezes, até agora, em Occupy Wall Street, e adoro aquilo lá. Os protestos que começaram na Praça Liberty e já se espalharam por toda a parte baixa de Manhattan são importantíssimos, resposta lógica ao Tea Party e dedo bem dado à cara da elite financeira. Os manifestantes escolheram o alvo certo e, pela recusa a deixarem a praça desde o primeiro dia, também a tática correta, mostrando ao grande público que o movimento contra Wall Street tem pique, decisão e, a cada dia, ganha mais apelo popular.

Mas... há um mas. E, para mim, é uma coisa pessoal profunda, porque essa questão de combater a corrupção que Wall Street gera é causa à qual dedico minha vida há anos, e é difícil para mim não ver qualquer ação de Occupy Wall justamente na direção em que o movimento pode ser melhor e mais eficaz. Penso, por exemplo, que os bancos devem ter-se rejubilado secretamente nos primeiros dias de protesto, certos de que haviam vencido o primeiro round da guerra pela opinião pública.

Por quê? Porque depois de uma década de roubo sem paralelo, de corrupção como jamais se viu no mundo, com dezenas de milhões de norte-americanos passando à categoria de sem teto e famintos, graças aos preços da comida artificialmente inflados, e com outros milhões de norte-americanos despejados de suas casas pela corrupção no mercado imobiliário, as manchetes de jornais durante a primeira semana de protestos contra o setor financeiro e de serviços foram dignas de revistinha de colégio de meninas.

Na minha opinião, isso diz muitíssimo sobre o desafio inicial de opor-se à hidra de 50 cabeças da corrupção pelos banqueiros de Wall Street, porque é extremamente difícil explicar os crimes da moderna elite financeira num infográfico simples.

A essência desse tipo específico de poder oligárquico é a complexidade e a invisibilidade no dia a dia. Seus piores crimes, do suborno e tráfico de influência à manipulação do mercado, do domínio sobre o governo político, comandado dos bastidores, à usurpação da estrutura regulatória que se faz dentro dos parlamentos, nada disso pode ser visto pela opinião pública, nem é noticiado pela televisão. Não haverá a foto icônica da menina com o corpo queimado por napalm, com Goldman Sachs, Citigroup ou Bank of America. – Só há 62 milhões de norte-americanos com zero na conta poupança, ou ainda devendo dinheiro, coçando a cabeça e sem entender para onde foi o seu dinheiro sumido e por que os seus votos parecem valer menos e menos, e cada vez menos, a cada ano.

Mas não importa. Façam o que fizerem, sempre apoiarei Occupy Wall Street. E acho que a estratégia básica do movimento – construir grandes números e não abandonar a praça, em vez de prender-se a um ou outro conjunto fechado de princípios – fez e continua a fazer pleno sentido. Mas aproxima-se rapidamente o momento em que o movimento terá de oferecer solução concreta aos problemas criados por Wall Street. Para fazer isso, precisarão de uma lista curta, mas potente, de reivindicações. Há milhares, mas sugiro que o movimento concentre-se em cinco:

1. Quebrar os monopólios. As cinco grandes empresas financeiras, chamadas “Grandes Demais para Quebrar” – também chamadas, mais precisamente, de “Instituições Sistemicamente Daninhas” – são ameaça direta à segurança nacional. Estão acima da lei e acima das consequências de mercado, o que as torna mais perigosas e imperscrutáveis que mil máfias reunidas. Há cerca de 20 dessas empresas nos EUA – e têm de ser desmontadas. Bom começo nessa direção seria rejeitar a ‘Lei Gramm-Leach-Bliley’ [ing. Gramm-Leach-Bliley Act[1]] e ordenar a separação das empresas de seguros, bancos de investimento e bancos comerciais.

2. Que eles paguem pelos próprios ‘resgates’. Uma taxa de 0,1% de todos os negócios de ações e bônus e uma taxa de 0,01% de todos os negócios com derivativos gerariam dinheiro suficiente para devolver aos contribuintes o que nos foi roubado nos ‘resgates’, e ainda sobraria muito para combater os déficits que os bancos alegam que tanto os preocupam. Ajudaria a conter a caça sem fim a lucros instantâneos através de esquemas de negócios internos como High Frequency Trading, e forçaria Wall Street a voltar ao negócio que se espera que seja seu meio de vida, i.e., fazer investimentos decentes em empresas que gerem empregos e ajudá-las a crescer.

3. Nada de dinheiro público para lobbies privados. Uma empresa que recebe ‘resgate’ público não pode ser autorizada a usar o próprio dinheiro dos contribuintes para pagar lobbies contra os contribuintes. Você pode ou mamar nas tetas do estado ou influenciar a eleição do próximo presidente, mas não poderá mais fazer as duas coisas. Caiam fora e deixem o povo eleger livremente o próximo presidente e o Congresso.

4. Taxem os jogadores da jogatina dos fundos hedge. Para começar, temos de repelir imediatamente o corte de impostos obsceno e indefensável, que permite que titãs dos hedge funds como Stevie Cohen e John Paulson paguem impostos de apenas 15% dos bilhões que ganham na jogatina financeira, enquanto cidadãos norte-americanos comuns pagam o dobro disso por ensinar crianças ou apagar incêndios. Desafio qualquer político a levantar-se para defender esses buracos da lei, em ano eleitoral.

5. Mudar o modo como os banqueiros são remunerados. Temos de ter leis que impeçam que executivos de Wall Street recebam bônus por encobrir negociatas que, mais cedo ou mais tarde, sempre explodem na nossa cara. Tem de ser assim: você faz um negócio, compra ações de empresas que você poderá revender em dois ou três anos. Assim, todos serão obrigados a investir na saúde financeira das próprias empresas, no longo prazo – e fim dos Joe Cassanos embolsando bônus multimilionários, só porque destruíram as AIGs do mundo.

Citando o imortal filósofo político Matt Damon de Cartas na Mesa[2], “a chave para pôquer sem limite é obrigar um homem a tomar decisões que envolvem todas as suas fichas.” A única razão pela qual os Lloyd Blankfeins e Jamie Dimons do mundo sobrevivem é que jamais são forçados, pela imprensa ou pela lei ou seja por que for, a pôr todas as suas cartas na mesa. Se Occupy Wall Street pode fazer isso – se pode falar ao mesmo tempo aos milhões de norte-americanos que os bancos reduziram à miséria e converteram em sem-tetos e desempregados – então, sim, há chance de que construa movimento massivo, de base. Só precisa meter um fósforo aceso no ponto certo, e lá estará o apoio popular para reformas reais – não depois, mas já, imediatamente.

NOTAS

[1] A Lei Gramm–Leach–Bliley Act (GLB), também chamada “Lei de Modernização dos Serviços Financeiros”, de 1999 (Pub. L. No. 106-102, 113 Stat. 1338, aprovada dia 12/11/1999) é lei aprovada pelo Congresso dos EUA (legislatura 1999–2001). Foi sancionada pelo presidente Bill Clinton e rejeitou parte da Lei Glass–Steagall (‘Lei da Prudência Bancária’) de 1933, abrindo os mercados para bancos e empresas de seguros. A Lei Glass–Steagall proibia que uma instituição atuasse em qualquer tipo de combinação como banco de investimento, banco comercial e empresa de seguros (mais, sobre isso, em http://en.wikipedia.org/wiki/Gramm%E2%80%93Leach%E2%80%93Bliley_Act) [NTs].

[2] Rounders, filme de 1998. O personagem de Matt Demon é jogador que abandonou o pano verde, mas tem de voltar a jogar pôquer de apostas altíssimas, para ajudar um amigo perseguido por agiotas (mais em http://www.imdb.com/title/tt0128442/) [NTs].

terça-feira, 11 de outubro de 2011

Não somos chineses

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Não tem como aumentar o imposto de importação pra diminuir a incompetência?

Protecionismo. A bola da vez. Afugentados com a crise, medrosos de todos os tipos aparecem pra pregar o protecionismo como forma de salvação para a "nossa indústria" (nossa?).

O Governo promove mudanças cosméticas no câmbio, mas quando os efeitos começam a aparecer, corre pra toca como uma gazela arisca. O BC não joga pôquer, e isso ficou claro quando o dólar passou dos R$ 1,90.


Na sequência temos a anúncio do aumento de IPI para carros "importados" e bicicletas.

Perguntas: Quanto tempo de subsídios, empréstimos reduzidos e isenção de impostos as atuais montadoras levaram conseguir chegar a 65% de nacionalização? 

Foi só pra satisfazer o lobby das montadoras e aliviar a pressão de sindicalistas? Ou foi um sinal para os chineses? Chineses são bons com "sinais". Montadoras chinesas que planejavam investimentos bilionários, agora repensam.
Comemoram a vinda de alguns fabricantes de videogames, tablets e smartphones, usam isso como prova de o protecionismo funciona. Só não dizem que deveríamos estar produzindo software não hardware. Games não consoles.

Mais questões: Haverá aumento pra proteger a indústria calçadista? moveleira? textil? eletro-eletrônica? etc. Se sim. Por que não aumentaram antes então?

Não haverá. Não existe imposto na CF que consiga compensar a incompetência. Não existe imposto que proteja a falta de investimento em educação, tecnologia e design.

Empreendedorismo. Tecnologia. Design. Não se enganem. Gravem esses termos.

Não somos a China. Emular medidas protecionista dos asiáticos enquanto se borram com a desvalorização cambial "acima" do previsto não tornará "nossa indústria" mais competitiva.

Não somos a Rússia. Medidas de gabinete que afetem a percepção e confiança na estabilidade institucional - nossa maior vantagem ante aos demais emergentes - não tornará nossa industria uma potência.

Mas talvez, alivie a consciência (pesada) de desenvolvimentistas anacrônicos com a inação em governos passados. Talvez melhore a relação com as centrais sindicais depois da inabilidade na condução política recente. Talvez.

Mas dificilmente essas medidas serão benéficas para o consumidor brasileiro. Na verdade parece mesmo só jogo de cena para incautos.

Câncer vs Terrorismo


quinta-feira, 6 de outubro de 2011

Tempos Interessantes

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Enquanto isso, tomem uma cerva por mim.

Não, eu não morri. Só estou sofrendo da angústia dilacerante de se viver em "tempos interessantes".

quarta-feira, 28 de setembro de 2011

A Ferrugem

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"A inveja é como a ferrugem: corrói quem a tem"

Não vou perder meu tempo com essa elite escrota que ainda rasteja por ai. A inveja e preconceito que sentem nesse momento alegrou meu dia.

Obrigado, Lula, por (mais uma vez) tirá-los dos cantos escuros e úmidos que habitam.


Não entendeu? Leia: [1] e [2]

segunda-feira, 26 de setembro de 2011

Inimigo Intimo

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- Quem é você? De quem é essa voz que insiste em me dizer que não vou conseguir? Como ousa lembrar de cada defeito que carrego, cada erro que cometi?

- Quem é você? Por que me lembra insistentemente do pequeno e insignificante problema mecânico? Que meu corpo doí, que meus músculos fervem, que estou faminto e cansado.

- Quem é você? Que me chama de velho e ultrapassado? Que afirma que sou uma versão depreciada daquilo que fui.

- Quem é você? Quem me arrasta, que amarra uma corda em mim e me puxa pra traz? Como se tivesse um peso nas costas? Como se arrastasse uma tonelada?

- Quem é você? Que repete a cada pedalada que não vou conseguir? Que é melhor parar por aqui, por o pé no chão, tomar água, respirar um pouco, desistir no meio do caminho?

- Quem é você? Que sussurra no meu ouvido durante uma corrida que essa subida é muito íngreme, que 9 kms bastam pra quem está começando e que esses 100 metros finais são desnecessários? Que afirma que não deveria forçar tanto assim, que a música romântica, inconvenientemente, no meio do meu playlist é uma boa desculpa pra desistir.

- Quem é você? Que me desconcentra nos últimos metros da natação, que me ri de mim, da minha descoordenação, que me faz errar a virada, que com um sorriso no rosto, me faz perder a conta de quantos metros nadei? Que é você que transforma meus ossos em chumbo? Que insistentemente me lembra dos anos em que fumei e destruí meu precioso pulmão?

- Quem é você? De quem é essa voz familiar? Como ousa me "atrapalhar"?

- Eu sou uma memória antiga. Eu sou um velho companheiro dos humanos desdes os primórdios. Eu sou a voz da evolução. Eu sou aquele que te leva ao limite. Eu sou a mola que te move. Se você hoje conseguiu, você deve isso a mim. Eu sou você. Somos um. Juntos, não há limites. Separados, somos o prelúdio do fracasso.

- Nos encontramos amanhã?

- Claro. No mesmo lugar, no mesmo horário. Sem falta.

quarta-feira, 21 de setembro de 2011

Sobre o combate à corrupção

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"Corrupção não será solucionada com o moralismo seletivo da mídia"

Como eu disse anteriormente, se tinha algo que me preocupava era como a troca de políticos acusados por corrupção estavam sendo demitidos sem que se aproveitasse o momentum para implantar medidas duras, mas definitivas de combate a corrupção (e os corruptores, não se esqueçam deles, mas isso é tema pra outro post que está no rascunho). Perdíamos assim uma chance de ouro de catalisar toda essa energia gasta com o denuncismo da mídia.

Simultaneamente, fecundávamos o embrião do escândalo subsequente, criando um estimulo para se derrubar o próximo "político" - o que é bom - mas  criando um moto-continuo, um circulo vicioso, que só resulta na perda de força política, que tem no seu grand finale,  um sedutor golpe.

Essa história já vimos e revimos. Eu, particularmente, estou cansado. Vou desenhar pra alguns: corrupção não terá fim, é um problema sistêmico. Precisa de uma solução técnica. Todo mundo que leu sobre o tema, descobre bem no começo que é um problema que não resolveremos pela "moral", e sim tecnicamente. Reduzir a corrupção é factível. Extingui-la, ilusão. A corrupção não será resolvida com o moralismo seletivo da mídia. Muito pelo contrário.

Eu acredito que as formas corretas de se combatê-la seria um grupo de medidas amplas e mudanças profundas em toda administração pública. Resumidamente:
  • Uma grande reforma administrativa, que reduza a burocracia e a possibilidade de "humanos" decidirem, deixando os processos mais enxutos, focando na responsabilização de (poucos) gestores.
  • Fortalecer e despolitizar os órgãos de controle externo (CGU, TCU, e seus pares estaduais e municipais).
  • Um choque de transparência (pois isso não se faz gradualmente) em todos os níveis federativos e em todos os poderes.
  • Estimular o controle social - reduzindo o poder de seletivo da velha mídia - usando a redução de custos que a informatização permite.
Isso é o que os caras que realmente estudam a corrupção recomendam e não faziamos. Pelo visto, ou foi por estratégia (o acúmulo de escândalos permitiu uma ação mais dura no final) ou foi por incompetência (acredito mais nessa opção). Decisões como essas (num hipotético governo meu) seriam tomadas no segundo seguinte à demissão.

De qualquer forma, antes tarde do que nunca.


Dilma e Obama assinam documento com práticas anticorrupção - Radar político - Estadao.com.br
Lisandra Paraguassu, enviada especial a Nova York

O governo brasileiro se compromete em aumentar as informações disponíveis sobre as atividades de governo ter políticas, mecanismos e práticas robustas anticorrupção e assegurar transparência no gerenciamento das finanças públicas. O documento do programa Open Government Partnership será assinado daqui a pouco pela presidente Dilma Rousseff, o presidente Barack Obama e outros seis chefes de Estado que apresentam, nesse momento, a iniciativa.

O encontro, que está acontecendo no hotel Waldorf Astoria, em Nova York, é a ação final de um ano de negociações, comandadas por Estados Unidos e Brasil depois de um convite do presidente Barack Obama ao governo brasileiro, durante a Assembleia Geral da ONU do ano passado.

O documento, que é de adesão voluntária, tem quatro pontos principais:

Aumentar a informação disponível sobre as atividades do governo em todos os níveis; apoiar a participação da sociedade civil nas decisões; ter os padrões mais elevados de integridade profissional nas administrações públicos – e nesse ponto entram as “robustas políticas anticorrupção” – e aumentar o uso de tecnologias para melhorar o acesso público à informação.

Obama convidou o governo brasileiro a participar da iniciativa no ano passado. Apesar de ter aceito e ter aderido voluntariamente, o Brasil ainda peca no acesso à informação. Entre outros problemas, o Congresso Nacional ainda não conseguiu aprovar a lei de acesso à informação, que pretende justamente ampliar o acesso público a números do governo, hoje praticamente restrito a parlamentares.

terça-feira, 20 de setembro de 2011

"Nação Cartelizada" - Vladimir Safatle



Uma das minha novas metas é reduzir a quase zero a citação integral de textos de terceiros. A minha visão é que já temos "blogs-que-viraram-clippings" demais. Precisamos de opinião - por piores que sejam - mais que repetir e criticar a velha mídia.

De qualquer forma, transcrevo o artigo abaixo o Vladimir Safatle - e digam o que quiser sobre o Sayad, mas é sempre bom ver um cara desse em horário nobre (no Jornal da Cultura) mesmo que o preço a ser pago é aguentar Villa também - pois vai abrir espaço para no futuro despejar minha fúria sobre essa estratégia míope e ultrapassada, fomentada e idealizada por "desenvolvimentistas" anacrônicos e tecnocratas inescrupulosos.

BNDES, anotem essa sigla. Poderia salvar o capitalismo à brasileira, mas tem tudo para destruí-lo.

Vladimir Safatle 25 de agosto de 2011 às 17:54h


Com Lula, o Brasil reconstruiu o capitalismo de Estado, mas não escapou à tendência de formação dos grandes oligopólios.


A história é o reino dos retornos. Não são poucas as vezes em que nos vemos obrigados a descrever situações contemporâneas através da recuperação de conceitos que pareciam relegados aos empoeirados livros de história das ideias. É bem provável que precisemos de uma recuperação desse tipo para dar conta da natureza e do destino do capitalismo brasileiro. Não que a realidade brasileira seja necessariamente arcaica. Ao contrário, talvez ela tenha se tornado, nos últimos anos, particularmente avançada. Isto no sentido de particularmente capaz de expor processos que devem se transformar em hegemônicos nos países ditos centrais. Vivemos uma situação atípica, na qual certos países periféricos conseguiram construir a imagem do destino que espera os países centrais.


Um termo cunhado pela tradição marxista para múltiplas finalidades e que parecia não ter mais muito uso no interior do panorama histórico contemporâneo: esta era talvez a melhor definição para “capitalismo de Estado”. Por um lado, o termo designava aqueles países capitalistas cujo Estado aparecia como forte ator econômico e planificador. Tal força fazia com que a livre concorrência no interior do mercado fosse redimensionada através da sua submissão a planos de desenvolvimento econômico de escala variada. Nesse sentido, o conceito de capitalismo de Estado parecia dar conta, principalmente, desses países europeus que optaram pelas vias da construção do chamado “Estado de bem-estar social”, mesmo que Friedrich Pollock, um dos teó-ricos responsáveis pela difusão do termo, o tenha usado também para descrever a realidade político-econômica dos regimes nazistas. Pois Pollock acreditava na possibilidade de diferenciar um capitalismo de Estado democrático de outro totalitário.


Teóricos marxistas ainda usaram o termo para designar os países de socialismo real, como a antiga União Soviética. Pois se tratava de afirmar que, nesses casos, tínhamos ainda um sistema de produção de mercadorias e de extração da mais-valia, mas agora organizado pelo Estado que, no lugar da burguesia nacional, privilegiava os estratos superiores da burocracia.

É fato que um termo com tantos usos distintos pode parecer inutilizável. Ele apontava, porém, para um fenômeno fundamental que talvez nos ajude a lançar luzes sobre certas tendências do capitalismo brasileiro. Pois no interior desse processo de redimensionamento do livre mercado pela força planificadora do Estado não estava em jogo apenas a consciência da necessidade de saber como limitar as tendências de pauperização e desigualdade produzidas pelo capitalismo.


Se este era, digamos, o ponto positivo dessa forma de capitalismo, havia um ponto temerário. Tratava-se do modelo de associação entre Estado e setores da burguesia nacional que encontravam, nas ações de intervenção estatal, o meio para garantir suas aspirações oligopolistas. O capitalismo de Estado tendia necessariamente a ser um capitalismo monopolista. Ou seja, mobilização do -Estado para assegurar um processo de oligopolização da economia pela facilitação da criação e financiamento de grandes empresas, graças a um sistema público de participação e garantias fornecidas pelo Estado. Por meio desses sistemas, grandes empresas tinham, entre outras coisas, acesso a fundos de financiamento a taxas reduzidas de juros. O resultado final era a submissão das dinâmicas de concorrência dos preços e ofertas a uma situação na qual todos os setores fundamentais da economia encontravam-se nas mãos de oligopólios, duopólios e outras formas de cartéis. Algo não muito diferente do que vemos hoje no Brasil.


Um dos diagnósticos principais que parecem ter norteado a política econômica dos governos petistas foi o fato de que simplesmente não havia mais, no Brasil, política econômica no sentido forte do termo. Os oito anos de governo tucano, a despeito de destruir os restos do “Estado getulista” em sua aliança com a burguesia nacional, aliança que, segundo diagnóstico muito corrente à época, teria bloqueado o desenvolvimento e a inovação, acabara por produzir uma situação de terra arrasada.


O Brasil entrava no processo de globalização em situação completamente passiva, sem grandes empresas capazes de operar em escala multinacional sustentadas por uma forte política de apoio estatal. Nada estranho para um setor da classe dirigente nacional, associada ao tucanato, que preferia ser integrada ao sistema financeiro global, aproveitando as benesses de sócio rentista minoritário, do que desempenhar o papel de elite dirigista de defesa de interesses nacionais.


Nesse sentido, o governo Lula representou uma grande ruptura, muitas vezes negligenciada por amplos setores da mídia nacional. Lula compreendeu que os próximos passos do capitalismo mundial caminhariam em direção à reconstrução do capitalismo de Estado. A crise de 2008 deu-lhe completa razão. Utilizando-se de um tripé composto de bancos públicos (que, tragicamente, não existem mais em país desenvolvido algum), empresas privadas com grande participação estatal (como Embraer e Vale) ou empresas públicas (como Petrobras), o governo conseguiu criar uma política econômica anticíclica que se demonstrou extremamente acertada.


Não era necessário esperar, porém, a crise de 2008 para chegar à conclusão de que o futuro passaria pela reconstrução do capitalismo de Estado. Bastava dar-se conta de que os países que mais cresciam no mundo, como a China e a Rússia, eram marcados por forte histórico de intervenção estatal na economia e que continuam assim até hoje. Não seria errado incluir nesse grupo, mas em menor grau, o motor da economia europeia, a saber, a Alemanha, que, mesmo no governo do liberal travestido de social-democrata Gerhard Schroeder, conservara forte modelo de associação entre Estado e burguesia nacional. Ou seja, já no momento da primeira vitória de Lula, dava para perceber que havia algo de estranho do reino azul do neoliberalismo, a saber, os propulsores do desenvolvimento mundial não eram exatamente economias que rezavam pela cartilha neoliberal. Com a crise de 2008, estes foram exatamente os países que melhor conseguiram sobreviver, isto enquanto pátrias do neoliberalismo, como o Reino Unido e os EUA, apareciam como os pontas de lança da depressão.


Esta não era toda a história, porém. Se, por um lado, o Brasil conseguia escapar das tendências suicidas dos economistas neoliberais, ele estava mais uma vez aberto ao lado negro do capitalismo de Estado: sua tendência oligopolista. Tendência fartamente financiada pelo BNDES.


De fato, é difícil encontrar atualmente algum setor estratégico na economia nacional que não esteja dominado por oligopólios ou duopólios. Telefonia, aviação civil, frigoríficos, comunicação de massa, indústria automobilística. A lista seria incontável e, por muito pouco, não foi acrescida pelos supermercados. Em boa parte desses casos, o processo de oligopolização foi feito pelo financiamento estatal, a despeito da necessidade de criação de grandes empresas capazes de competir no mercado internacional. Mas talvez o setor mais dramático do processo de oligopolização seja a produção de etanol. Ele nos fornece um forte exemplo da maneira com que o desenvolvimento nacional pode ser bloqueado.


Durante anos, o Brasil quis se credenciar como potência mundial do etanol. Recentemente, usineiros disseram que talvez o carro flex não prospere enquanto o preço da gasolina não aumentar. Ou seja, para quem queria exportar etanol para o mundo, esta não era exatamente a melhor notícia. Mas é apenas o sintoma mais claro de um processo de oligopolização do setor feito com o beneplácito governamental.


Hoje, toda a produção brasileira de etanol é assegurada por apenas 400 usineiros. Organizados em cartel, eles definem o preço e o montante de cana a ser transformado em etanol ou açúcar, isso ao levar em conta a rentabilidade das commodities no mercado internacional. Essa cartelização da produção do etanol foi o resultado de uma decisão governamental que impedia pequenos produtores de comercializar sua produção diretamente com postos de gasolina. Dessa forma, pequenas propriedades foram alijadas do processo produtivo, já que os grandes distribuidores privilegiaram seus acordos com grandes produtores. Se o processo produtivo estivesse focado em pequenos produtores, a oferta seria claramente maior. A produção estaria pulverizada, gerando um efeito benéfico na definição dos preços.


Esse exemplo serve para nos perguntarmos para onde vai o capitalismo brasileiro. É bem provável que seu limite esteja nesse modo de servir-se de um governo de esquerda para reconstruir o núcleo duro do capitalismo monopolista, agora em versão nacional. Hegel costumava dizer que não se ganha nada abandonando um senhor que manda estando fora de nós e abraçando um senhor que manda, mas internalizado em nós. A essência da dominação é a mesma. Isso talvez valha para pensarmos os rumos do nosso país.

domingo, 18 de setembro de 2011

A Grande Coordenação

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"Coordenação na Política Econômica incomoda muita Gente. Porquê?"

Como já devem saber o Banco Central baixou os juros em 0,50 %, num movimento que parte achou "ousado". A velha mídia mantem a ladanhia que o Banco Central cedeu à pressões. Que foi politizado, pressionado, subjugado. Provavelmente a truculenta do Planalto invadiu armada até os dentes aquele prédio engraçado - pra dizer o mínimo - no SBS (Setor Bancário Sul) e pegou os diretores pela orelha até que prometessem fazer o que ela estava mandando. Tenha dó.

O primeiro passo é observar as taxas futuras. Elas indicam claramente que depois do acrescimo de R$ 10 bi no superávit primário, quem tem (muito) dinheiro já começou a apostar numa queda dos juros já nessa reunião do COPOM. Uma regra básica do mercado financeiro: se você não tem (tanto) dinheiro pra manipular o Mercado, siga os tubarões. Tuba não lê Folha. Tuba não assiste Globo. Por essa razão o Valor continua sendo o melhor jornal brasileiro. Esses caras odeiam perder dinheiro. E hoje, informação é dinheiro. Pra bom entendedor um pingo é letra. Foi o que eles leram nos sinais que o Governo mandou pra eles.

Já o segundo passo é aceitar que a inflação dá sinais de arrefecimento. No passado a mídia focava no mesmo indicador que interessava para o mercado, a previsão de inflação futura. Mas o interessante é que desde o começo do ano, todos os meios de comunicação passaram a focar na inflação "dos últimos 12 meses". Infelizmente não tenho tempo pra fazer essa pesquisa e postar aqui. Mas que seria revelador
, seria. Independentemente disso, desde que assumiu, o que parece (parece pois não foi institucionalizado) é que o BC está olhando mais para o médio prazo. A maneira como ele passou a focar na meta de 2012 deveria ter ensinado algo aos investidores. Pelo que parece, só os tubarões aprenderam.

E por último, em terceiro, aprender com os erros do passado. Se a maioria dos políticos, economistas e jornalistas não aprenderam nada com a lentidão com que tomamos as medidas necessárias em 2008, isso não significa que o resto não aprendeu. O Tombini estava lá, acompanhou o enfrentamento contra a crise internacional. Ele não é um estrangeiro no Banco Central. Tem gente que hoje, escreveu que não vê no momento "perigo de contágio" da queda na atividade nos países desenvolvidos. Claro, só verão os sinais quando eles efetivamente estiverem por aqui, e quando isso acontecer, dissimulados que são, vão se "esquecer" que decisões na política monetária demoram em média 6 meses pra surtir efeito. Mas esses não se importam com o emprego dos mais pobres. Só se preocupam em vender a desgraça "alheia".

O que está havendo no momento é uma "Grande Coordenação" entre o Banco Central (Política Monetária) e o Ministério da Fazenda (Política Fiscal). Na medida que não há mais ruído, o processo de controle inflacionário e estimulo ao crescimento tende a ser muito mais eficiente. Sei que é um trocadilho infame com a "Grande Moderação", quando o Tesouro no Governo Clinton fez um grande ajuste fiscal, e o FED, nas mãos do "oráculo" Alan Greenspan baixando o juros para estimular a economia. Isso, posteriormente, quase destruiu os EUA, apesar de ter garantido anos de crescimento. Mas o problema, a meu ver não foi esse, e sim a desregulamentação financeira que ocorreu desde anos noventa. Mas isso é assunto pra outro post.

Obviamente isso tudo é muito recente, os efeitos serão percebidos pela maioria da população daqui a um ou dois anos. O que a Dilma e equipe estão construindo no momento são as bases para um crescimento mais sustentável, variando de 4 a 6% ao ano. Assim a decisão de ontem, não foi uma vitória dos "desenvolvimentistas" sob os "liberais", foi uma decisão planejada e coordenada. Novas virão, podem anotar. A começar por mudanças drásticas nas regras dos rendimentos da poupança.

Pra mim, na área econômica as decisões da Dilma estão sendo irretocáveis, e ela vai colher os frutos lá na frente, apesar de tudo que está sendo dito e escrito. Independentemente disso, continuo com as minhas críticas a coordenação política, gestão na cultura, comunicação social e política externa.



Mas afinal, de que importa minha opinião? Como a gente pode ver na Europa, política virou basicamente economia. Trágico não?